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Escala em Salalah, Omã: Dicas, Atrações e Impressões de um Destino Inesperado
Vai fazer uma escala de cruzeiro em Salalah, Omã? Neste post, compartilho minha experiência real como tripulante ao explorar esse destino pouco conhecido da Península Arábica. Mesmo com o tempo curto de folga, consegui aproveitar o melhor da cidade e arredores — e aqui conto tudo: como é o desembarque no porto comercial, opções de transporte, segurança a bordo, o que ver nas redondezas e quais atrações realmente valem a pena. Uma parada surpreendentemente tranquila, acolhedora e com muito mais a oferecer do que se imagina à primeira vista.
ORIENTE MÉDIOOMÃSALALAHOCEANO ÍNDICO
The Roaming Purser
2/26/202518 min read


Tem portos que a gente espera com ansiedade no calendário da rota. Outros, a gente mal nota no mapa — e quando vê, tá lá, ancorado. Foi assim com Salalah, no sul de Omã. Eu trabalhava como Purser no navio, vivendo aquele ritmo intenso de rotinas diárias e mil responsabilidades. Mas naquela escala, com um tempinho livre entre uma função e outra, consegui descer. E olha… Salalah me pegou de surpresa de um jeito bom.
Nunca sonhei em conhecer esse lugar. Aliás, nem sabia muito o que esperar. Mas acabou sendo uma daquelas paradas que marcam. Pela simplicidade, pela autenticidade e por aquele contraste que só quem vive a bordo entende: sair do aço e vidro do navio direto para um pedaço do mundo onde tudo parece em câmera lenta.


Salalah, Omã: muito além de uma simples escala
Localizada no sul do país, às margens do Mar da Arábia, Salalah é a segunda maior cidade de Omã e capital da região de Dhofar. Diferente do cenário árido e desértico que muitos associam ao Oriente Médio, Salalah surpreende com paisagens verdes, montanhas enevoadas, praias tranquilas e uma herança cultural rica ligada ao comércio do incenso — um produto que já fez da cidade uma rota importante desde os tempos da antiga Rota do Incenso.
Historicamente, Salalah foi um centro de influência comercial e religiosa, e hoje ainda guarda ruínas arqueológicas, tradições tribais e uma atmosfera serena difícil de encontrar em outros portos. Apesar de não ser um destino de cruzeiros tão conhecido quanto os grandes nomes da Europa ou Caribe, é justamente essa autenticidade que torna a parada por lá tão especial.
Com um porto funcional, uma cidade segura e receptiva, e uma combinação única de mar, montanhas e história, Salalah é aquele tipo de lugar que você nem esperava conhecer — mas que, quando visita, fica com vontade de voltar.


Chegada no Porto de Salalah: Desembarque Simples em um Porto Comercial
O Porto de Salalah não é exatamente aquele tipo de porto feito pra receber turistas. Nada de lojinhas, estrutura charmosa ou aquele visual de cartão-postal. É um porto comercial, funcional e 100% operacional, com contêineres, guindastes, tráfego de caminhões e muita movimentação de carga pesada.
Mesmo assim, existe uma estrutura básica para receber navios de passageiros — especialmente quando é uma parada pontual. A operação de desembarque costuma ser rápida e tranquila, e todo mundo ali já está acostumado a lidar com esse tipo de escala.
Logo após sair da área interna do porto, a primeira coisa que se nota é o isolamento. O porto fica afastado da cidade, em uma área mais industrial, então não tem como fazer nada a pé dali mesmo. Precisa de transporte logo de cara.


O Que Esperar dos Arredores do Porto: Transporte, Cidade e Primeiras Impressões
Assim que você sai da área de segurança do porto, já encontra algumas opções de transporte pra seguir viagem ou fazer um passeio rápido.
Táxis locais: Eles ficam parados bem na saída do porto, esperando tanto passageiros quanto tripulantes. Não usam taxímetro, então negociar o valor é obrigatório antes de entrar no carro. Eles estão acostumados com cruzeiros e geralmente já oferecem roteiros prontos ou preços fixos até pontos turísticos ou shopping.
Shuttles gratuitos: Dependendo da companhia ou do movimento do dia, pode ter ônibus oferecido pela própria empresa de cruzeiro, levando até o centro da cidade ou até um dos shoppings próximos (geralmente o Salalah Gardens Mall ou o Oasis Mall). É sempre bom se informar a bordo antes de desembarcar, porque esses shuttles têm horário fixo e lugares limitados.
No meu caso, eu saí com alguns colegas da tripulação e dividimos um táxi. Fechamos um preço justo pra um passeio curto pelos arredores e valeu super a pena. O motorista nos levou até o centro, passamos pelo mercado de prata, demos uma olhada na praia e ainda conseguimos parar pra um café local. Foi simples, mas suficiente pra sentir o clima da cidade.
Salalah é tranquila, limpa e bem segura. Não tem o agito de outros destinos árabes mais turísticos, mas tem seu charme. A cidade é espalhada, então pra ir de um ponto ao outro, o ideal é ter transporte garantido — principalmente pra quem tá com tempo contado, como é o caso da tripulação.
Essa é a vibe da chegada: simples, direta, e com bastante coisa interessante por perto — mas só se você conseguir sair do porto com o mínimo de organização.


Centro de Salalah: Simples, Espalhado e com Autenticidade Local
O centro de Salalah fica a aproximadamente 20 a 25 minutos de carro do porto, dependendo do trânsito e do caminho escolhido pelo motorista. A distância é curta, mas como o porto fica em uma área isolada e mais industrial, você realmente precisa de transporte pra chegar até lá.
Quando você entra na cidade, a primeira impressão pode ser surpreendente. Salalah não tem cara de metrópole, nem lembra os grandes centros urbanos do Oriente Médio como Dubai ou Doha. É uma cidade mais horizontal, com ruas largas, prédios baixos, e um ritmo tranquilo. Tudo parece andar devagar, e o calor seco ajuda a reforçar essa sensação.
O Que Dá Pra Ver no Centro de Salalah
Souq Al Husn (Mercado Tradicional)
Esse é, sem dúvida, o ponto mais autêntico da cidade. Um souq pequeno, coberto, com lojas vendendo prata artesanal, incenso (frankincense), tecidos típicos, perfumes e lembranças locais. O cheiro do lugar é algo marcante — aquele aroma forte de incenso que toma conta do ambiente. Vale a pena caminhar devagar por ali, mesmo que você não compre nada. É o tipo de experiência cultural simples, mas intensa.Shopping Centers
Se você está só querendo um ar-condicionado e uma pausa do calor, os shoppings de Salalah são limpos, modernos e funcionam bem pra isso. Os principais são:Salalah Gardens Mall – Tem algumas lojas de marca, cafés, supermercado e bom wi-fi.
Oasis Mall – Um pouco menor, mas também com o básico pra quem quer comer algo ou só dar uma voltinha rápida.
Al Baleed Archaeological Site
Fica a poucos minutos do centro, e é uma área linda pra quem curte história. Tem ruínas antigas, um museu bem montado (Frankincense Land Museum), e uma vista bonita do mar. É tudo bem calmo, bem organizado, ideal pra uma escapada rápida.Cafés e Restaurantes
Pelo centro, você vai encontrar vários restaurantes e cafés simples, com comida árabe tradicional. Os preços são acessíveis, e o atendimento geralmente é simpático. Não espere luxo — mas espere autenticidade. Um chá gelado com hortelã ou um prato de arroz com carne e especiarias pode virar uma refeição memorável.
Vale a Pena ir Até o Centro?
Com certeza. Mesmo que seja só por um par de horas, ir até o centro de Salalah dá uma dimensão real da cidade. A maioria dos passageiros e tripulantes que não se organizam acaba ficando preso à área do porto ou nos arredores, perdendo essa oportunidade de ver um Omã mais verdadeiro, menos turístico.
Se você tiver pouco tempo de folga, o ideal é combinar com um taxista local um trajeto direto: porto → souq → shopping → porto. Isso já dá uma boa amostra do que a cidade tem pra oferecer, sem correr riscos com o horário de volta a bordo.


O Que Ver em Poucas Horas: O Essencial de Salalah
Para quem trabalha a bordo, o tempo em terra é valioso e sempre contado. Não dá para se perder em deslocamentos longos ou planos muito elaborados. A prioridade é aproveitar ao máximo, dentro do tempo disponível e sempre com atenção ao horário de retorno ao navio.
Salalah, apesar de não ser uma cidade turística no estilo tradicional, oferece algumas experiências locais autênticas que podem ser encaixadas em poucas horas. Abaixo, duas opções próximas, ideais para quem não quer fazer um passeio mais distante.
Souq Al-Haffa – Prata, Incenso e Cultura Local
Distância do porto: aproximadamente 18 km
Tempo de deslocamento: cerca de 25 minutos de carro
Tempo recomendado de visita: entre 1h e 1h30
O Souq Al-Haffa é o mercado tradicional mais conhecido de Salalah. Apesar do tamanho modesto, é um dos lugares mais autênticos da cidade. Ao chegar, o cheiro intenso de frankincense (incenso típico da região) domina o ambiente, junto com uma mistura de aromas de especiarias e perfumes locais.
As lojas vendem prata artesanal, tecidos, temperos, túnicas tradicionais, além de lembranças para turistas. A prata de Salalah é conhecida pelo estilo mais rústico e o trabalho manual detalhado. Mesmo sem intenção de comprar, vale caminhar pelo mercado, observar a movimentação local e sentir o clima cultural da cidade.
O local é simples, mas seguro, e proporciona uma experiência breve e significativa da cultura omanense.
Haffa Beach – Um Respiro Tranquilo Perto da Cidade
Distância do porto: aproximadamente 20 km
Tempo de deslocamento: 25 a 30 minutos de carro
Tempo recomendado de visita: 30 minutos a 1 hora
Localizada a poucos minutos do Souq, Haffa Beach é uma praia urbana, frequentada principalmente por moradores locais. Não conta com estrutura turística, mas oferece um ambiente tranquilo para uma breve pausa do ambiente de bordo.
A praia é limpa, com uma faixa de areia ampla, palmeiras e um mar geralmente calmo. Há alguns cafés e quiosques locais nas redondezas, simples, mas suficientes para um lanche rápido ou uma bebida gelada. Ideal para quem quer relaxar sem se afastar muito da cidade ou perder tempo com deslocamentos longos.
Esse roteiro pode parecer um pouco corrido, e de fato é. Isso porque, em grande parte dos itinerários, os navios costumam zarpar de Salalah por volta das 16h (horário local). Com esse limite de tempo, a janela para explorar a cidade fica relativamente curta — o que exige foco no essencial, logística bem planejada e atenção redobrada com os horários.
Ainda assim, com organização, é possível sair do porto, conhecer um pouco da cultura local, sentir o clima da cidade e voltar a bordo a tempo, com a sensação de ter aproveitado o que Salalah tem de mais típico.


Se Tiver Mais Tempo: As Atrações Que Valem a Pena
Enquanto eu fiquei pelos arredores da cidade por conta do tempo mais apertado, alguns colegas da tripulação que conseguiram horas extras de folga decidiram se aventurar um pouco mais longe. E voltaram encantados. Então, se você é passageiro de cruzeiro e tem o dia todo em Salalah, vale considerar essas opções mais distantes. São paisagens bem diferentes e experiências que fogem do óbvio.
Al Mughsail Beach e os Blowholes
Distância do porto: cerca de 40 km
Tempo de carro: aproximadamente 45 minutos
Essa é, provavelmente, a praia mais famosa da região. O cenário é aberto, com mar azul intenso, falésias de calcário e uma sensação de isolamento que surpreende. O destaque por lá são os blowholes — formações naturais por onde a água do mar é expelida com pressão, formando jatos verticais em dias de mar agitado. O barulho e o impacto visual impressionam, principalmente se você nunca viu nada parecido.
No meu caso, como já tinha visitado blowholes em Pago Pago (Samoa) e em Nukuʻalofa (Tonga), acabei optando por não repetir a experiência. Mas pra quem nunca teve esse tipo de contato com formações geológicas assim, é um passeio que vale a pena incluir.
Wadi Darbat – Verde no Meio do Deserto
Distância do porto: cerca de 50 km
Tempo de carro: 1 hora
Esse vale é uma das surpresas de Salalah. Durante a estação das monções (o famoso Khareef, que acontece entre junho e setembro), o lugar se transforma: o chão fica coberto de vegetação verde, nascem cachoeiras e um rio de águas claras corta a paisagem. Parece algo saído de outro país — definitivamente não o que se espera de Omã.
Mesmo fora do Khareef, o vale mantém sua beleza natural, com colinas e vista para o interior do país. É ideal pra quem curte natureza e quer uma pausa mais tranquila.
Mirbat – Vila Histórica à Beira-Mar
Distância do porto: cerca de 75 km
Tempo de carro: 1h15 a 1h30
Mirbat é uma antiga vila de pescadores que mistura história e mar. Lá você encontra um forte antigo, casas tradicionais, barcos locais e, se estiver com tempo e guia, até locais pra mergulho. É mais indicado pra quem tem interesse em história ou quer um contato mais direto com a vida costeira fora do circuito turístico comum.
Como visitar essas atrações:
Esses locais ficam fora da cidade, então o acesso é apenas via táxi privado ou tour organizado. A corrida não é barata, mas se você estiver em grupo — principalmente dividindo com amigos ou outros passageiros —, o custo compensa pela experiência. E vale lembrar: sempre combine o valor antes do trajeto e deixe claro o roteiro que pretende seguir.


Sabores de Salalah: Uma Parada Rápida, Mas Saborosa
Mesmo com pouco tempo em terra, sempre que dá, tento experimentar algo típico — porque comida também é viagem, né? E em Salalah, mesmo numa escala curta, consegui ter um gostinho da culinária local. Literalmente.
A cidade tem uma gastronomia simples, com influência árabe e costeira, que reflete bem a identidade da região. Uma das opções mais autênticas — e populares entre os locais — são as sardinhas grelhadas servidas no Fish Souq, o mercado de peixes da cidade. Elas são preparadas na brasa, com tempero na medida e servidas geralmente com arroz ou pão tradicional. Simples, direto ao ponto, e delicioso.
Além disso, quem ama a culinária árabe (como eu!) vai se sentir em casa. Nos arredores do centro e em pequenos restaurantes locais, dá pra encontrar desde shawarma, kebab e hummus, até pratos com cordeiro, arroz aromático e molhos com especiarias bem marcantes. Confesso que, como a escala era curta, não tive tempo de sentar e fazer uma refeição completa — mas consegui experimentar um pouco aqui e ali, e valeu cada garfada.
Se você tiver mais tempo durante a escala, vale buscar um restaurante típico ou até mesmo perguntar ao taxista por uma parada rápida para comer algo local. A comida em Salalah é simples, saborosa, e faz parte da experiência de descobrir um destino ainda fora do radar turístico.


Segurança Reforçada: Quando o Navio Vira Missão Silenciosa a Caminho de Salalah
Quem trabalha a bordo sabe que nem toda escala é só mais uma parada. Algumas vêm carregadas de estratégia, silêncio e protocolo pesado. E a aproximação de Salalah é exatamente assim — um daqueles momentos em que o navio todo muda de atmosfera.
Dias antes de chegar à costa sul de Omã, já começa a preparação. A rotina continua, claro, mas por trás dos bastidores, a segurança vai subindo de nível. Reuniões fechadas, movimentações discretas e o clima de que algo importante está prestes a acontecer.
Quando a noite cai, a transformação fica visível: todas as luzes externas do navio são apagadas, os decks ficam escuros, silenciosos, e o acesso é totalmente proibido — tanto pra tripulantes quanto para passageiros. As áreas externas são bloqueadas, e ninguém circula por elas até que o trecho mais sensível da rota seja concluído.
A essa altura, o navio já não é mais só um cruzeiro flutuando no mapa turístico do mundo. Ele vira uma espécie de embarcação em modo sigiloso, que corta o mar na escuridão, com vigilância redobrada e atenção total.
Nessa fase da viagem, é comum que o capitão faça um anúncio oficial no sistema de som, explicando calmamente aos passageiros e tripulação que determinadas medidas estão sendo adotadas por motivos de segurança e prevenção. Ele pede a colaboração de todos, reforça que não há motivo para alarme e garante que tudo está sob controle. Esse gesto — simples, mas firme — traz confiança. E mostra como, mesmo nos bastidores mais tensos, a transparência e a liderança fazem a diferença.
Por dentro, o esquema de segurança também muda. Reforços altamente treinados embarcam dias antes e passam a integrar a rotina do navio discretamente. Eles não aparecem para tirar fotos com passageiros, nem fazem parte do entretenimento — mas estão lá, posicionados, prontos. São especialistas, muitas vezes vindos de forças de elite, e viajam conosco até a travessia ser concluída em total segurança.
Como Purser, eu estava por dentro de parte dessas operações. Claro que existem detalhes que não posso compartilhar — tanto por sigilo quanto por respeito à estratégia envolvida. Mas posso dizer que, por algumas noites, a sensação era real: parecia que eu estava num filme de ação onde a missão era proteger algo muito maior do que um simples navio — era proteger vidas.
Existem riscos sim, como tentativas de abordagem por embarcações não identificadas, ou a famosa ameaça de pirataria que, embora rara, ainda exige atenção. Mas nada é deixado ao acaso. O navio conta com medidas defensivas eficazes — como jatos d’água pressurizados que impedem que pequenas embarcações se aproximem, e a equipe de segurança atua com treinamento constante e prontidão absoluta. Para quem já assistiu ao filme Captain Phillips, aquilo ali não é só cinema. Aquela cena em que os invasores conseguem subir a bordo mostra exatamente por que cada detalhe na prevenção é levado tão a sério. A diferença é que, no nosso caso, tudo é feito para que essa cena nunca precise acontecer.
E sabe o que é mais curioso? A maioria dos passageiros nem imagina que tudo isso está acontecendo incluindo também parte da tripulação . Enquanto muitos estão jantando, dormindo ou curtindo o show da noite, lá fora o navio navega em silêncio total, passando por uma das áreas mais sensíveis da sua rota — com todo um esquema invisível garantindo que tudo siga tranquilo.
E é aí que você percebe: trabalhar no mar é viver em dois mundos ao mesmo tempo. O mundo visível, feito de festas temáticas, paisagens incríveis e sorrisos nas fotos. E o mundo invisível, onde a segurança, a estratégia e o sangue-frio mantêm tudo funcionando como deve ser.
Foi ali, naquela travessia silenciosa rumo a Salalah, que entendi de verdade o que significa estar a bordo. Não é só fazer check-in de passageiros ou ajudar em desembarques — é ser parte de uma engrenagem que cuida de cada detalhe, mesmo quando ninguém está vendo. É ser tripulante de verdade.


Informações Práticas: Idioma, Moeda e Custo para Explorar Salalah
Uma das primeiras perguntas que muita gente faz ao chegar em um destino novo é: “Como me comunico?” ou “Preciso trocar dinheiro?” — então aqui vai o básico pra você se virar tranquilo em Salalah.
Idioma: O Árabe é Oficial, Mas o Inglês Funciona Bem
O idioma oficial de Omã é o árabe, e em Salalah você vai ver placas e sinais nesse idioma por toda parte. Mas, como a cidade recebe navios, caminhoneiros e trabalhadores de várias nacionalidades, o inglês é amplamente compreendido, especialmente em áreas comerciais, shoppings, mercados e entre os motoristas de táxi que trabalham com turismo.
Pra se comunicar, o inglês básico resolve bem — pedir um táxi, negociar preço, fazer perguntas simples no mercado... tudo isso flui sem grandes dificuldades.
Moeda Local: Rial Omanense (OMR)
A moeda oficial de Omã é o rial omanense (OMR). Ele é forte em relação ao dólar e ao euro, e o câmbio pode surpreender quem não está preparado.
1 OMR equivale, em média, a cerca de 2,60 USD ou 2,40 EUR (valor aproximado, pode variar).
Nos mercados locais, a maioria dos vendedores aceita dólares americanos em espécie, principalmente em valores arredondados. Mas não espere troco exato — o ideal é levar notas pequenas.
Também é possível pagar em cartão de crédito em lugares como o shopping ou supermercados, mas nos souqs e táxis, o pagamento é em dinheiro.
Custo Médio para Explorar o Porto de Salalah
Salalah não é um destino caro em comparação com grandes cidades europeias, mas como o porto é afastado da cidade, você vai precisar investir no transporte.
Aqui vai uma ideia de preços (valores aproximados com base na experiência a bordo e relatos dos colegas):
Táxi do porto ao centro (ida e volta, negociado diretamente): entre 20 e 30 USD
Passeio curto (centro + praia + souq): de 30 a 50 USD, dependendo da duração
Passeio mais longo (com blowholes ou Wadi Darbat): entre 60 e 100 USD por carro, podendo ser dividido entre até 4 pessoas.
Compras no Souq: lembrancinhas, prata e especiarias têm preços variados — dá pra encontrar anéis e brincos de prata artesanal a partir de 10 USD
A dica é: combine tudo com o motorista antes de entrar no carro, peça para ele listar o que está incluso, e se puder dividir com mais alguém, melhor ainda. Mesmo que os preços não sejam baixíssimos, é possível viver uma boa experiência em terra sem gastar demais — especialmente se você já estiver com o roteiro na cabeça.
Uso de Dólares e Cartões em Salalah
Em locais turísticos e no comércio informal (como souqs e bancas de prata), os dólares americanos em espécie ainda são amplamente aceitos — mas sempre em valores arredondados e, preferencialmente, em notas pequenas.
Em táxis locais, o mais comum ainda é o dinheiro vivo. Cartões raramente são aceitos.
Já em lugares mais estruturados — como shoppings, supermercados e lojas maiores —, o cartão de crédito internacional (Visa, Mastercard) é aceito sem problemas.
Ou seja, para um dia de passeio por Salalah, o ideal é ter alguns dólares trocados no bolso, mas se for ao shopping ou restaurantes maiores, dá pra usar cartão sem estresse.


Clima em Salalah: Um Deserto Verde no Meio do Verão
Quando se fala em Omã, a maioria das pessoas imagina paisagens áridas, sol escaldante e calor seco o ano inteiro. E isso é verdade — mas Salalah é a exceção. A cidade tem um clima bem diferente do restante do país, principalmente durante uma estação muito especial chamada Khareef.
Khareef: A Melhor Época Para Visitar Salalah
O Khareef acontece entre final de junho e setembro, e é quando os ventos de monção vindos do Oceano Índico atingem a costa sul de Omã. O resultado? A cidade muda de cara.
As temperaturas caem (ficam entre 22 °C e 28 °C)
A umidade aumenta
Começa a chover fininho com frequência
Os campos e colinas ao redor da cidade ficam cobertos de verde, quase como uma floresta tropical
É nessa época que atrações como Wadi Darbat, as montanhas de Dhofar e até mesmo as estradas ganham um visual completamente diferente. Cachoeiras aparecem, a vegetação brota por todo lado e Salalah atrai tanto turistas estrangeiros quanto omanenses do norte do país, que descem até lá em busca de clima ameno e paisagens verdes.
Se você estiver planejando sua viagem com foco em natureza e quer ver um lado totalmente inesperado do Oriente Médio, junho a setembro é, sem dúvida, a melhor época para visitar Salalah.
Fora da Temporada: Quente, Seco e Mais Tranquilo
Nos outros meses do ano (de outubro a maio), Salalah volta ao seu clima típico de deserto:
Temperaturas variando de 28 °C a 35 °C (ou mais nos meses mais quentes)
Pouquíssimas chuvas
Céu limpo, sol forte e paisagens mais secas
Apesar disso, o clima continua sendo mais “ameno” do que o norte de Omã, como Muscat, que pode passar dos 45 °C no verão.
Se você visitar fora do Khareef, vai encontrar uma cidade mais seca, com praias tranquilas, souqs ativos e bem menos turistas — o que pode ser um ponto positivo se você busca um passeio mais calmo e cultural, sem tanta movimentação.


E assim chegamos ao fim dessa breve jornada por Salalah. Espero que as informações que compartilhei aqui ajudem, de alguma forma, quem estiver de passagem por esse porto em uma escala de cruzeiro.
Minha impressão pessoal? Uma cidade acolhedora, limpa, tranquila — daquelas que transmitem uma paz difícil de explicar. O povo local, aliás, costuma receber os visitantes com muito carinho, especialmente quando chegam em navios de cruzeiro. Dá pra ver nos sorrisos e na forma como se disponibilizam pra ajudar — mesmo com a barreira do idioma às vezes. Eles realmente valorizam o turismo e ficam felizes em ver o movimento internacional chegando à região.
E tem mais um ponto que merece destaque: Salalah, assim como boa parte de Omã, é considerada uma das regiões mais seguras do Oriente Médio. Crimes contra turistas são raríssimos, e o país tem um dos menores índices de criminalidade da região. Claro, como em qualquer lugar do mundo, é sempre bom manter o bom senso, seguir as orientações básicas de segurança e ficar atento aos avisos do navio ou do guia local. Mas, no geral, é um destino tranquilo para explorar — até mesmo por conta própria.
Mesmo com o tempo curto, deu pra sentir que Salalah tem muito mais a oferecer do que parece à primeira vista. Fiquei com vontade de voltar. E, quem sabe, numa próxima oportunidade, explorar tudo com mais calma, ir além dos arredores e me perder um pouco mais nesse pedaço tão único da Península Arábica. Com o turismo crescendo na região, não seria nenhuma surpresa ver Salalah se tornando um destino cada vez mais popular entre os cruzeiristas e viajantes curiosos por novas rotas.
Se ficou com vontade de explorar mais roteiros diferentes pelo mundo, dá uma olhada nos outros relatos aqui no blog — tem muito mais história, dica prática e bastidor de quem viveu tudo isso de perto!
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Navegar é viver — e viver pra viajar é a melhor forma de viver.
Este é o diário de uma ex-purser que ainda escreve como se estivesse no mar.
Compartilho experiências, não verdades absolutas — cada porto é único pra cada viajante.
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