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Chegar de Cruzeiro a Lisboa: A Entrada Marítima Mais Bonita da Europa
Chegar a Lisboa de navio foi uma das entradas mais marcantes que já vivi no mar. Não foi só pela vista — embora ela seja mesmo deslumbrante — mas pela sensação de estar entrando em uma cidade que se revela aos poucos, com dignidade e charme. Neste artigo, conto como é essa aproximação pelo Tejo, o que vi do convés, os sons, os cheiros e até o ritmo com que a cidade vai se aproximando. Não é exagero: essa chegada tem algo de cinematográfico — e Lisboa, vista do mar, tem um impacto que nenhuma chegada por terra consegue igualar. Se você já sonhou em aportar em Lisboa, este relato é um convite para embarcar nessa memória comigo.
EUROPAPORTUGALLISBOAMAR DO ATLÂNTICO
The Roaming Purser
3/6/202517 min read


O Mar Como Porta de Entrada a Lisboa
Não é exagero dizer que chegar de navio a Lisboa é uma das formas mais poéticas de conhecer a cidade — e falo com alguma propriedade. Como ex-purser, tive o privilégio de visitar este porto diversas vezes, e mesmo depois de tantas escalas, Lisboa nunca deixou de surpreender.
Cada aproximação à capital portuguesa tem algo de cinematográfico, como se a cidade fosse intencionalmente tímida, revelando-se aos poucos, cena a cena, como num filme bem dirigido. O navio desliza suavemente pelo Tejo, e é nesse percurso calmo que Lisboa começa a se mostrar — primeiro um recorte no horizonte, depois o brilho dourado refletido na água, e por fim, aquele casario branco e terracota que parece escorregar colina abaixo até à beira-rio.
É uma entrada em grande estilo. A luz muda, o vento carrega um cheiro salgado misturado com terra antiga, e os sons da cidade começam a se sobrepor ao ronco ritmado dos motores. Lisboa sabe como fazer uma entrada. E para quem chega do mar, ela sabe exatamente como encantar logo no primeiro olhar.


Elisa Magalhães


O Que Se Vê do Convés: A Vista Vai Se Revelando a Cada Segundo
A Ponte 25 de Abril: O Gigante Vermelho
Logo que o navio se aproxima da cidade, a primeira grande estrutura a capturar o olhar é a Ponte 25 de Abril. Com seu tom avermelhado e estilo semelhante ao da Golden Gate de São Francisco, ela se impõe sobre o Tejo com elegância. Passar por debaixo dela é uma experiência por si só — o eco das sirenes do navio ressoando entre os pilares metálicos, o vento do rio, o céu aberto.
Cristo Rei: De Braços Abertos para os Viajantes
Do outro lado do rio, em Almada, o Cristo Rei observa tudo com serenidade. Seus braços abertos parecem dar as boas-vindas a quem chega. É impossível não levantar o olhar e sorrir para essa figura imponente.
A Torre de Belém: Guardiã da História
Mais adiante, já do lado de Lisboa, a Torre de Belém aparece como um castelo saído de um conto de fadas. Antigo bastião de defesa e símbolo dos Descobrimentos Portugueses, ela marca um dos pontos mais emblemáticos da cidade.
Padrão dos Descobrimentos: Uma Lição de História à Beira-Mar
Pertinho da Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos presta homenagem aos navegadores portugueses. Visto do navio, parece uma escultura flutuante prestes a zarpar também.
MAAT: A Arquitetura Que Dança com o Tejo
Logo depois, a linha do rio é dominada pela silhueta futurista do MAAT – o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia. A sua forma ondulante parece acompanhar o movimento das águas, num contraste perfeito com os edifícios históricos que a rodeiam.
Mosteiro dos Jerónimos: Uma Joia Gótica à Vista
E antes de seguir para o coração da cidade, ainda há tempo para avistar o Mosteiro dos Jerónimos, um verdadeiro colosso da arquitetura manuelina. Dá para ver os arcos, as torres e imaginar os séculos de histórias que ali passaram.


O Porto de Lisboa: Infraestrutura Moderna com Toque Histórico
Navegar até Lisboa é mais do que um trajeto marítimo: é um reencontro com a própria história da navegação. O Porto de Lisboa não é apenas uma estrutura moderna e funcional — ele é, acima de tudo, um símbolo de séculos de partida, descoberta e regresso.
Se hoje é conhecido por oferecer uma das chegadas mais cenográficas da Europa — e, sejamos honestos, a mais bela —, isso não é por acaso. Lisboa foi durante séculos um dos grandes centros do mundo marítimo, capital de um império que se estendia dos trópicos às Índias, e ponto de partida para muitas das expedições que mudaram o mapa-múndi.
Um Porto com Séculos de História
A localização estratégica de Lisboa, na foz do Rio Tejo e de frente para o Atlântico, sempre fez dela um ponto crucial no comércio e na navegação. Desde os tempos dos fenícios, passando pelos romanos, mouros e depois pelos navegadores portugueses do século XV, o Tejo foi rota e abrigo para navios de todo tipo.
Durante a Era dos Descobrimentos, Lisboa era o centro do mundo. Era daqui que partiam as caravelas que alcançaram a Índia, o Brasil, a África. O porto fervilhava de marinheiros, comerciantes, aventureiros e mercadorias vindas dos quatro cantos do globo.
E mesmo com terremotos, guerras e transformações urbanas ao longo dos séculos, Lisboa nunca perdeu sua vocação marítima. Ela evoluiu — mas sem apagar essa herança.
O Porto Hoje: Tradição e Modernidade de Braço Dado
Hoje, o Porto de Lisboa é um dos mais importantes da Península Ibérica, tanto para o turismo de cruzeiros quanto para o transporte comercial. Sua estrutura foi modernizada para receber os maiores navios de passageiros do mundo, e ainda assim, há algo de antigo no ar — talvez seja a forma como o rio ainda dita o ritmo da cidade.
Os principais terminais — Santa Apolónia e Rocha Conde de Óbidos — oferecem uma experiência eficiente e elegante, mas sem a frieza dos grandes hubs logísticos. Aqui, o passageiro desembarca quase dentro da cidade. É tudo muito fluido: do navio para a rua, da história para o presente.
Lisboa: Porto de Chegadas e Partidas
Além de receber visitantes, Lisboa também é porto de embarque para várias rotas importantes — especialmente cruzeiros pelo Atlântico Sul, Mediterrâneo, Ilhas Canárias e travessias rumo à América. Para quem embarca aqui, o início da viagem já é marcante.
Para quem desembarca, a primeira impressão é poderosa. E para quem, como eu, já viveu muitas escalas e conhece o vai-e-vem dos portos, posso dizer sem hesitar: Lisboa continua sendo um dos mais memoráveis, tanto pela eficiência quanto pela alma.
Informações Práticas do Porto
Localização dos Terminais:
O principal terminal de cruzeiros fica em Santa Apolónia, a poucos passos da Alfama e da Baixa. Também há o Terminal da Rocha Conde de Óbidos, ideal para navios menores e expedições de luxo.Movimento anual:
Lisboa recebe mais de 300 escalas por ano, com cerca de 600 mil passageiros — e o número só cresce. A cidade se tornou referência no turismo de cruzeiros, não só como destino, mas como ponto de embarque.


Desembarcar em Lisboa: Simples, Rápido e Charmoso
Desembarque Pé na Rua: Você Já Está no Centro
Uma das grandes vantagens de Lisboa é que o terminal é tão bem localizado que, ao descer do navio, você praticamente já está dentro da cidade. Dá para ir a pé até Alfama, caminhar até o centro histórico ou apenas sentar num café com vista para o rio.
Shuttle Gratuito até à Praça do Comércio
Para quem prefere um pouco mais de comodidade, há um shuttle gratuito que leva diretamente até à Praça do Comércio, o coração da cidade. Em poucos minutos, já se está rodeado de lojas, restaurantes e atrações turísticas.
Segurança ao Desembarcar: Atenção Redobrada Fora do Terminal
Chegar a Lisboa de navio é um privilégio, mas vale lembrar que, como em qualquer grande cidade turística, é preciso manter a atenção logo que se cruza o portão do terminal.
A área em torno do porto — especialmente entre o terminal de Santa Apolónia e a Praça do Comércio — costuma ser movimentada, e infelizmente é também uma zona onde atuam batedores de carteira, taxistas não cadastrados e vendedores ambulantes insistentes. Nada muito diferente do que se encontra em outros portos europeus, mas ainda assim, merece cuidado.
Minha dica como alguém que já desembarcou dezenas de vezes por ali — é simples: mantenha os pertences sempre à frente do corpo, evite mostrar objetos de valor e, se for pegar táxi, utilize apenas os veículos autorizados (ou recorra a apps como Bolt ou Uber, que funcionam bem em Lisboa).
Lisboa é encantadora, sim, mas como em qualquer cidade grande, é importante circular com atenção. Locais como Alfama, a Baixa e até mesmo o entorno dos principais monumentos pedem um olhar atento — não pelo perigo extremo, mas porque ninguém quer ter a experiência estragada por um descuido evitável.
Faz parte do equilíbrio: mergulhar no charme da cidade, mas com os dois pés no chão. Afinal, a beleza de Lisboa não está só nas vistas, mas também na forma como nos movemos por ela.


Principais Atrações a Partir da Praça do Comércio: O Melhor de Lisboa a Pé
Desembarcar em Lisboa é, sem exagero, um privilégio. Do porto ao coração da cidade são apenas alguns minutos — e a Praça do Comércio, com sua amplitude à beira do Tejo, é o ponto de partida ideal para explorar Lisboa a pé. A maioria das atrações está a uma curta caminhada, o que é perfeito para quem chega de cruzeiro e tem apenas algumas horas em terra.
Como eu já fiz esse trajeto mais de uma vez, aqui vão as minhas sugestões — com impressões pessoais incluídas.
Arco da Rua Augusta (colado à Praça)
Impossível não notar. É só atravessar a praça que ele já está ali, imponente. Dá pra subir ao topo e ter uma vista lindíssima da Baixa e do rio — um ótimo começo pra sentir o clima da cidade.
Rua Augusta e Baixa (2 minutos a pé)
Logo após o arco, começa a Rua Augusta — a principal via comercial da cidade. É cheia de cafés, artistas de rua, lojas e aquele burburinho que dá vida ao centro. Ideal pra caminhar sem pressa e observar.
Elevador de Santa Justa (5 minutos a pé)
Seguindo algumas quadras, dá pra chegar ao Elevador de Santa Justa. Em estilo neogótico, ele conecta a Baixa ao Chiado. A fila costuma ser longa, mas a estrutura em si vale a visita, mesmo que só por fora. E sim, a vista lá de cima é incrível.
Praça do Rossio (7 minutos a pé)
Um dos lugares mais tradicionais da cidade. O piso em calçada portuguesa desenhada, o teatro ao fundo, cafés com mesinhas ao ar livre — é Lisboa no modo clássico
Sé de Lisboa (10 minutos a pé, subindo)
A caminhada começa a ficar mais inclinada nessa direção, mas vale cada passo. A Sé, austera e antiga, é uma das construções mais icônicas da cidade. O caminho até lá também é especial — ruazinhas estreitas, com roupas no varal e a vida lisboeta acontecendo.
Miradouro de Santa Luzia (15 minutos a pé, subindo)
Eu subi. E subir até o Miradouro de Santa Luzia é algo que recomendo fortemente. A vista é de tirar o fôlego — não só pela paisagem de Alfama e do Tejo, mas também pelo próprio ambiente: azulejos, buganvílias, músicos de rua. É poético.
Castelo de São Jorge (20 minutos a pé, subida mais puxada)
Se quiser esticar a caminhada, o castelo é o destino final no alto da colina. A vista lá de cima é espetacular, e a sensação de caminhar pelas muralhas é um belo mergulho na Lisboa medieval.
Chiado e Bairro Alto (15 a 20 minutos a pé)
Se preferir ir para o lado mais artístico e boêmio da cidade, suba em direção ao Chiado. É onde estão cafés históricos, livrarias antigas e um clima mais elegante. Do Chiado ao Bairro Alto é só seguir — perfeito para um almoço charmoso com vista.
Casa dos Bicos / Fundação José Saramago (10 minutos a pé, pela margem)
Indo pela beira do rio, do lado oposto à Rua Augusta, você encontra essa construção curiosa com fachada de pedras pontiagudas. Ali funciona a Fundação Saramago, e mesmo para quem não é fã do autor, o lugar é intrigante. E quase sempre tranquilo.
Museu do Dinheiro (literalmente ao lado da praça)
Confesso: nunca entrei. E toda vez que passava por ali, dizia “preciso ir”. Fica dentro de uma antiga igreja, praticamente colada à Praça do Comércio. A entrada é gratuita e o espaço promete surpresas interativas.


Atrações Imperdíveis Fora do Centro Histórico de Lisboa
Belém
Distância: ~6 km da Praça do Comércio
Dá pra ir: de tram, táxi, ônibus comum ou hop-on hop-off
Belém é parada obrigatória para qualquer viajante em Lisboa — é quase como visitar o Coliseu em Roma. Aqui estão alguns dos marcos mais emblemáticos da cidade:
Torre de Belém: cartão-postal absoluto, às margens do Tejo.
Padrão dos Descobrimentos: escultura monumental celebrando os navegadores portugueses.
Mosteiro dos Jerónimos: arquitetura manuelina em estado puro.
Pasteis de Belém: e claro, o doce mais icônico da cidade (e sim, aqui o nome é com “B” maiusculo mesmo).
Se você tiver tempo e energia, dá pra fazer de tram (linha 15), mas o hop-on hop-off é bem prático, principalmente se o calor apertar ou o tempo for curto.
Parque das Nações
Distância: ~9 km do centro
Dá pra ir: de metrô, táxi ou ônibus turístico
Uma área moderna, completamente diferente do resto da cidade. Vale a pena se você gosta de arquitetura contemporânea, passeios à beira-rio ou está viajando com crianças. Os destaques:
Oceanário de Lisboa: um dos maiores da Europa.
Teleférico: vista panorâmica sobre o rio e a área futurista.
Centro Vasco da Gama: shopping, cafés e vida local em ritmo mais moderno.
Não é o tipo de passeio “imperdível” se for sua primeira vez na cidade com poucas horas, mas é uma Lisboa diferente, mais recente e muito agradável.
Museu Nacional do Azulejo
Distância: ~2,5 km
Dá pra ir: de táxi ou ônibus local
Pouco turístico, mas absolutamente fascinante. Localizado num antigo convento, o museu tem paineis de azulejos que vão do século XV ao contemporâneo. Se você é fã de arte, história e detalhes arquitetônicos, esse lugar é uma preciosidade. Dá até pra combinar com o retorno ao terminal do navio, se estiver atracado em Santa Apolónia.
Sobre os Ônibus Hop-On Hop-Off em Lisboa
Sim, Lisboa tem várias empresas operando ônibus hop-on hop-off, incluindo:
Yellow Bus
City Sightseeing
Lisbon Bus Tours
Eles cobrem a rota Histórica (Baixa, Belém, Alfama) e a Moderna (Parque das Nações, Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal). A maior vantagem é conseguir ver bastante coisa em pouco tempo, especialmente se o navio estiver só algumas horas atracado.
Mas — entre nós? — caminhar ainda é a melhor forma de sentir Lisboa. Cada ruazinha reserva uma surpresa. E a cidade, apesar das colinas, se deixa descobrir com calma por quem tem olhos atentos e sapatos confortáveis.


O Elétrico 28: O Charme Sobre Trilhos Que Corre pelas Ruas de Lisboa
Se existe uma forma de sentir Lisboa pulsar sob os trilhos, é embarcando no Elétrico 28 — o bondinho amarelo que serpenteia pelas ladeiras da cidade como se estivesse costurando os bairros históricos com uma linha de poesia e chiado de freios.
Como ex-purser acostumada a caminhar cidades portuárias mundo afora, não pude deixar de fazer a associação imediata com os bondes de São Francisco. Ambos enfrentam subidas desafiadoras, cortam bairros cheios de personalidade e viraram ícones turísticos. Mas em Lisboa, o charme ganha sotaque português e vem acompanhado do tilintar dos sinos e da proximidade quase absurda com portas, janelas e varais das casas.
O trajeto do Elétrico 28 é quase uma aula de Lisboa sobre trilhos. Ele parte do bairro da Graça, passa por Alfama, desce até a Baixa, sobe para o Chiado, atravessa o Bairro Alto e termina nas Prazeres — um nome que já resume bem o passeio.
Durante o percurso, dá pra ver:
A Sé de Lisboa, praticamente à distância de um braço.
As curvas fechadíssimas nas ruelas de Alfama.
O sobe-e-desce dramático das colinas da cidade.
Fachadas cobertas de azulejos, miradouros escondidos e cafés que parecem ter parado no tempo.
É apertado, sim. Às vezes cheio até demais. Mas também é uma experiência autêntica, quase teatral. Os passageiros misturam-se entre locais a caminho do trabalho e turistas que seguram os celulares como se não quisessem perder nenhum segundo. E ali, no meio daquele vagão de madeira que range em cada curva, Lisboa se revela sem filtro.
O bilhete unitário custa €3,50 e pode ser comprado a bordo — em dinheiro. Mas se você pretende explorar mais da cidade no mesmo dia, vale muito a pena adquirir o passe de 24 horas por €20, que dá acesso ilimitado não só ao Elétrico 28, como também ao metrô, ônibus e até aos elevadores, como o da Glória e o de Santa Justa. É o tipo de passe que te dá liberdade pra viver Lisboa no ritmo que quiser.
Os elétricos normalmente operam entre 5h da manhã e 23h, mas atenção: os horários podem mudar em feriados, fins de semana ou em caso de obras na linha. Vale sempre conferir no site oficial da Carris ou em apps de transporte local antes de sair.
O Elétrico 28 é mais que um meio de transporte. É uma viagem dentro da viagem. Uma trilha sonora em trilhos que acompanha o ritmo da cidade — e que, com sorte, te faz olhar para Lisboa com aquele encantamento que só os trilhos antigos conseguem despertar.


Carcavelos: A Praia Mais Procurada da Região de Lisboa
Lisboa é cheia de encantos — dos miradouros banhados pela luz dourada aos becos históricos de Alfama — mas se você tiver algumas horas livres durante a escala, vale considerar uma escapada até o mar. Afinal, a região guarda uma das praias mais vibrantes e populares de Portugal: Carcavelos, a queridinha tanto de lisboetas quanto de turistas de todas as partes do mundo.
Distância do porto: Cerca de 25 km. Um trajeto simples e bonito de trem a partir da estação Cais do Sodré, que você alcança facilmente a pé desde a Praça do Comércio. Em aproximadamente 30 minutos, você desembarca a poucos passos da areia.
Por que Carcavelos?
Porque é tudo o que se espera de uma praia atlântica: areia larga, mar aberto, ondas perfeitas para o surf e o stand-up paddle, além de uma estrutura completa com bares, restaurantes e aluguel de equipamentos. É a pedida certa para quem quer mergulhar, bronzear-se ou apenas respirar o ar salgado com os pés na areia.
Clima e energia:
Jovem, descontraída e intensamente viva, especialmente nos dias de sol. Durante o verão europeu, Carcavelos ferve — em todos os sentidos. A movimentação é grande, mas a vibe compensa: democrática, leve e cheia de sotaques, como só uma praia muito amada consegue ser.
Se a sua ideia é alternar os calçadões históricos por algo mais refrescante, essa é a praia da sua escala em Lisboa.


Comer em Lisboa: Entre Tradições Portuguesas, Sabores Brasileiros e o Melhor Pastel de Nata do Mundo
Uma das melhores formas de mergulhar numa cidade é pela mesa. E em Lisboa, esse mergulho tem sabor de tradição, mar, especiarias… e um certo pastel de nata que, honestamente, ninguém no mundo faz melhor.
O prato nacional mais amado pelos portugueses — e quase uma religião à parte — é o bacalhau. Dizem que há mais de 365 formas de prepará-lo, uma para cada dia do ano. Bacalhau à Brás, Bacalhau com Natas, Bacalhau à Lagareiro... todos carregam a herança da cozinha portuguesa: simples, reconfortante e cheia de sabor.
Outro clássico que vale a pena provar é o polvo à lagareiro, sempre bem servido em restaurantes tradicionais. E claro, os petiscos: dos pasteis de bacalhau aos pães com chouriço, passando por queijos e azeitonas — Lisboa sabe como abrir o apetite.
Mas a verdade é que, andando pelas ruas da cidade, você também vai notar uma presença forte e bem-vinda da culinária brasileira em terra. Desde rodízios a pratos mais caseiros, é fácil encontrar lugares que servem feijoada, coxinha, picanha ou até aquele cafezinho com pão de queijo que dá gosto de casa. Pra quem está embarcado há dias, pode ser um pequeno alívio afetivo.
Fique Atento ao Couvert, Taxas e “Extras” nas Zonas Turísticas
Agora, um parêntese necessário: alguns restaurantes, especialmente nas áreas turísticas, costumam cobrar couvert sem avisar, que pode incluir pão, azeitonas, queijo… parece simples, mas não é gratuito. Se não quiser, é só recusar — e sim, você tem esse direito.
Também é comum encontrarmos a taxa de serviço incluída na conta (às vezes de 10%), além da presença constante de músicos de rua, pedintes e vendedores ambulantes circulando pelas esplanadas. Nem sempre é invasivo, mas vale manter atenção à bolsa e aos pertences. Lisboa é segura, sim — mas como em toda cidade turística, os golpes pequenos existem e vêm geralmente acompanhados de simpatia.
E o Pastel de Nata... Ah, o Pastel de Nata
Nenhum outro lugar no mundo faz pastel de nata como Lisboa. Nenhum. E olha que eu já comi versões em cafés de navio, em padarias de cruzeiro, e até em outras capitais europeias. Nada se compara ao original, ainda morno, com a casquinha folhada crocante e o recheio cremoso, leve, com aquele toque de canela e açúcar polvilhado na hora.
Você vai encontrar em várias confeitarias, mas se quiser ir na fonte mais famosa, vá até os Pasteis de Belém. Prepare-se para filas — e para repetir. Se não quiser se afastar tanto, o Manteigaria, no Chiado, também serve um dos melhores da cidade e com uma vista para o entra-e-sai da cidade que rende boas pausas.


Clima em Lisboa: O Sol Que Recebe os Navios Quase o Ano Inteiro
Lisboa tem uma luz que não se explica — e isso não é apenas charme poético. A cidade realmente é uma das capitais mais ensolaradas da Europa, com cerca de 300 dias de sol por ano. E para quem chega de cruzeiro, isso significa uma coisa: há grandes chances de desembarcar com céu azul e temperatura agradável, mesmo fora do verão.
A época alta dos cruzeiros costuma seguir o ritmo das melhores temperaturas: começa forte na primavera (abril a junho), atinge o pico no verão (julho e agosto) e continua firme até o outono (setembro e outubro). Nos últimos anos, aliás, Lisboa tem ganhado destaque também como porto de embarque e desembarque em travessias atlânticas — o que faz com que a movimentação se estenda bem até novembro.
Temperaturas Médias em Lisboa (para ajudar a arrumar a mala):
Primavera (março a maio):
Mínimas de 11°C / Máximas de 20–24°C
Clima perfeito para caminhar. Leve um casaquinho leve para o início da manhã e fim de tarde.Verão (junho a agosto):
Mínimas de 17°C / Máximas de 28–32°C
Calor seco, céu limpo, pôr do sol tardio. Hidrate-se e traga óculos escuros. O sol bate forte, especialmente nas ladeiras de Alfama.Outono (setembro a novembro):
Mínimas de 13°C / Máximas de 22–26°C
Ainda quente nos primeiros meses, mas com brisas mais frescas. Perfeito para escalas com passeios mais longos.Inverno (dezembro a fevereiro):
Mínimas de 8°C / Máximas de 15–17°C
É raro nevar ou fazer frio extremo. Chove mais, sim, mas ainda assim Lisboa mantém um clima ameno — ótimo para fugir do inverno europeu mais rigoroso.


Minhas Impressões Finais: Um Porto que Fala a Nossa Língua
E assim chegamos ao fim da nossa travessia por Lisboa — um porto que, sem dúvida, é imperdível. Não só pela beleza cênica da chegada, mas por tudo que ele representa: história, cultura, proximidade e um certo sentimento de familiaridade que, para nós brasileiros, bate forte logo nos primeiros passos em terra.
Lisboa é daquelas cidades onde a gente se sente meio em casa. Seja pela língua, pelos sabores, pela gentileza dos locais ou pelas semelhanças culturais que partilhamos com os portugueses, há uma ligação que vai além do turismo — é como visitar um parente distante: há novidade no reencontro, mas também um acolhimento familiar, quase intuitivo.
A cidade é amigável, acolhedora com turistas do mundo inteiro, e nos dias em que há navios no porto, o movimento nas ruas e atrações se intensifica — trazendo ainda mais vida às calçadas, aos cafés e miradouros. O custo de viagem aqui também é relativamente acessível, especialmente quando comparado a outras capitais europeias. Dá pra comer bem, andar bastante, visitar muita coisa... sem estourar o orçamento.
Mas, como em todo porto movimentado, a segurança exige atenção desde os primeiros metros fora do terminal. Já tive minhas reservas sobre sair sozinha caminhando por Lisboa, especialmente em escalas curtas. Por isso, na maioria das vezes, optamos por sair em grupo. E essa continua sendo minha dica: atenção redobrada, como faria em portos como Barcelona ou Nápoles. Pequenos golpes, batedores de carteira, abordagens insistentes — tudo isso pode acontecer, sim. Mas nada que impeça o viajante de curtir tudo que Lisboa tem a oferecer com tranquilidade e prazer.
Se você não quiser perder tempo com transporte ou apps de mobilidade, os ônibus hop-on hop-off continuam sendo uma excelente alternativa para se locomover com conforto, especialmente em escalas mais curtas. Eles cobrem os principais pontos turísticos, e ainda oferecem aquele visual panorâmico que combina perfeitamente com o ritmo leve de quem está só de passagem.
Lisboa, com sua luz única e alma marítima, foi — e sempre será — um dos meus portos preferidos. E toda vez que o navio se aproximava dessa costa, eu já sabia: vinha aí mais uma escala com cara de saudade antecipada. Daquelas que a gente só entende depois que desembarca de vez.
Se você curtiu essa escala por Lisboa, continue navegando aqui pelo blog — tem muito mais histórias de bordo, dicas de viagem e memórias de portos que marcaram minha rota. Afinal, o mar pode até ficar para trás, mas as histórias continuam.
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