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Petra: O Legado Secreto da Jordânia Desvendado pelo Porto de Aqaba
Visitar Petra foi a realização de um sonho, uma jornada que me levou a um dos destinos mais icônicos e fascinantes do mundo. Se você está embarcando em um cruzeiro e a parada é no Porto de Aqaba, a viagem até Petra é uma experiência imperdível. Através deste artigo, compartilho cada detalhe dessa aventura única, incluindo a distância, a logística, a beleza do trajeto e, claro, o que fazer em Petra para aproveitar ao máximo essa maravilha histórica. Prepare-se para ser deslumbrado pela grandiosidade de uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno!
ORIENTE MÉDIOJORDÂNIAPETRAMAR VERMELHO
The Roaming Purser
3/2/202525 min read


Petra: A Grande Atração Pelo Porto de Aqaba
Sinceramente, eu nem sei direito como explicar a felicidade que senti ao visitar Petra. Foi mais que uma viagem — foi a realização de um sonho. Existem lugares no mundo que a gente simplesmente precisa ver pelo menos uma vez na vida... e Petra é um deles.
Se você chegar até aqui de navio, em uma parada de cruzeiro pelo porto de Aqaba, eu recomendo fortemente fazer uma excursão organizada, de preferência a oferecida pelo próprio navio. E digo isso com tranquilidade: primeiro, por causa da distância e do tempo — são quase 4 horas de estrada no total, ida e volta, considerando que tudo corra bem. Segundo, porque só com um tour guiado você consegue ver os pontos principais de Petra sem perder tempo se localizando ou correndo o risco de se atrasar. Ah, e só um detalhe importante: mesmo comprando a excursão, verifique se a entrada de Petra está incluída, porque em alguns casos ela é cobrada à parte.
A jornada até Petra já começa antes mesmo da entrada. São cerca de 120 km de estrada, mas o que se vê nesse caminho é de guardar pra vida inteira. O cenário da Jordânia é incomparável: montanhas áridas, formações rochosas esculpidas pelo tempo, aquele deserto que parece respirar história. É tudo tão diferente que, mesmo quando a paisagem começa a se repetir, você ainda quer continuar olhando pela janela. Alguns aproveitam para tirar uma soneca no caminho — eu preferi ficar acordada, absorvendo cada detalhe.
Durante o trajeto, há algumas paradas estratégicas — rápidas, de uns 15 minutos — tanto para fotos quanto para usar o banheiro. E aqui vai um conselho: mesmo que você não esteja com vontade, vá ao banheiro. Porque depois, já dentro de Petra, a coisa aperta (literalmente). As distâncias são longas e as opções, escassas.


A primeira parada do nosso grupo foi num mirante com uma vista surreal. De um lado, as montanhas secas da Jordânia, todas em tons de ocre, rosa e ferrugem; do outro, um horizonte sem fim, onde nem um riacho aparece para dar sinal de água. E mesmo assim, a vida pulsa ali. Em meio àquele cenário quase marciano, a gente avista vilarejos beduínos nas montanhas, com camelos e cabras andando livremente com seus donos. É algo tão fora da realidade de quem vive em cidade grande que parece cena de filme — mas é tudo real, diante dos seus olhos.
Ainda a caminho de Petra, o passeio continua encantador. Antes de chegar ao sítio arqueológico, passamos por um vilarejo tranquilo, com lojinhas e moradores levando a vida num ritmo totalmente diferente do nosso. O contraste entre o silêncio dali e o burburinho de quem vem visitar Petra é impressionante.


Já chegando perto da entrada de Petra, o guia — que embarcou com o grupo ainda em Aqaba — continua dando total apoio. Ele explica tudo com calma, em inglês, e vai soltando curiosidades pelo caminho. Quando o ônibus estaciona, o grupo desce e vai direto para a fila para pegar os ingressos. Esse processo pode levar cerca de meia hora, então é um bom momento para dar uma volta rápida pelas lojinhas ao redor ou comprar algo para levar — inclusive água, porque aqui começa de verdade a aventura. Eu, por exemplo, levei só uma garrafinha de 500ml... e me arrependi. Fez falta!
E aí sim, com ingresso na mão, água na mochila e o coração na expectativa, estamos prontos para mergulhar na história de Petra. A entrada do sítio arqueológico já impressiona. Daqui em diante, a caminhada começa — são cerca de uma hora de descida a pé até o Tesouro, passando por paredões rochosos, túneis naturais e uma paisagem que muda a cada curva.
Sapatos confortáveis são fundamentais, e quem tiver qualquer limitação de mobilidade precisa considerar o esforço físico dessa parte. Eu também recomendo usar um chapéu e roupas que cubram a pele — o calor ali não é brincadeira, e o sol, mesmo em dias “amenos”, castiga bastante. Mas nada disso tira o brilho do momento. Cada passo é uma mistura de emoção, descoberta e encantamento.
E foi assim que começou meu dia em Petra — um passeio que vou guardar pra sempre. Nos próximos trechos, vou contar como foi caminhar por entre as pedras cor-de-rosa, encontrar o Tesouro cara a cara, e viver uma das experiências mais emocionantes da minha vida. Espero que, de alguma forma, isso te inspire ou te ajude a planejar a sua própria jornada até lá. Porque Petra... ah, Petra é daqueles lugares que tocam a alma.


A Entrada de Petra: O Caminho Mágico Pelo Siq
Depois de passar pelo centro de visitantes, pegar o ingresso e se abastecer com água (não esquece, sério!), a aventura começa de verdade. E o primeiro lugar que a gente conhece dentro de Petra é o Siq — um dos trechos mais impressionantes de toda a visita. Ele não é apenas o caminho até o Tesouro, ele é parte da experiência.
O Siq é uma fenda natural, esculpida ao longo dos séculos por forças da natureza — vento, chuva, erosão. São paredões de pedra com até 80 metros de altura, que se fecham ao nosso redor e criam um tipo de corredor estreito e sinuoso. À medida que você caminha, tem a sensação de estar entrando em um segredo guardado a sete chaves.
E o mais mágico: o silêncio. Mesmo com outros turistas por perto, o Siq tem uma acústica própria, que abafa os sons e convida a caminhar devagar, observando tudo.


As cores das rochas mudam o tempo todo — do rosa ao laranja, do dourado ao cinza claro. A luz entra de forma diferente em cada parte, criando sombras e brilhos que parecem quase cenográficos. Em alguns trechos, a passagem é tão estreita que mal cabem duas pessoas lado a lado, e logo em seguida ela se abre um pouco, revelando novos detalhes.
Se você olhar com atenção, vai ver traços da história por todo lado: canais de água esculpidos nas laterais pelas mãos dos nabateus, usados para canalizar a chuva e abastecer a cidade. Também dá para ver restos de esculturas e pequenos altares de pedra, usados em rituais antigos. Tudo isso enquanto você caminha cercado por um dos desfiladeiros mais lindos do mundo.
É nesse momento que Petra começa a se revelar devagar, sem pressa. O Siq prepara o espírito — como se fosse um túnel do tempo que transporta a gente direto para a antiguidade. Cada curva aumenta a expectativa, e o coração vai batendo mais forte a cada passo. A gente sabe que, no fim daquele caminho estreito, algo grandioso está por vir… mas mesmo assim, quando ele aparece, ninguém está preparado.
Descendo Pelo Siq: Quando a História Aparece nas Rochas
Enquanto a gente caminha pelo Siq, vai percebendo que ele não é só um corredor natural — é quase um museu a céu aberto. A cada curva, algo novo surge esculpido nas pedras, quase como se Petra fosse sussurrando sua história no ouvido de quem passa.
Nas laterais do desfiladeiro, começam a aparecer vestígios da civilização nabateia que habitou Petra há mais de dois mil anos. E tudo ali foi feito com uma precisão que impressiona até hoje. Você vai ver nichos e altares talhados diretamente na rocha, alguns usados para rituais religiosos, outros talvez para marcar caminhos sagrados.




Logo nos primeiros trechos da caminhada por Petra, os olhos atentos já começam a captar os detalhes gravados nas paredes do Siq. Entre os relevos esculpidos diretamente na rocha, há um em especial que chama atenção — ou melhor, o que sobrou dele. Dá pra ver a perna de um homem e os pés de alguns camelos, tudo bem desgastado pelo tempo. Mas se olhar com cuidado, ali do lado, está a silhueta quase apagada de um elefante. Pode parecer curioso, mas os nabateus conheciam esse animal exótico por conta de suas rotas comerciais com a Índia, onde o elefante era símbolo de força e imponência. Ver esse tipo de representação esculpida em plena Petra é uma lembrança poderosa de como o mundo antigo já era conectado.
Essa presença simbólica do elefante também aparece em outro ponto próximo dali: uma formação natural de pedra, nos arredores de Siq al-Barid (também conhecido como Little Petra), que ganhou o apelido de "The Elephant Rock". A pedra, moldada pela natureza ao longo dos séculos, tem mesmo o contorno impressionante de um elefante com a tromba abaixada. Entre o relevo humano e o capricho natural, é como se Petra estivesse o tempo todo te lembrando que ali, tudo conversa entre história, mitologia e paisagem.
Logo nos primeiros trechos da caminhada por Petra, os olhos atentos já começam a captar os detalhes gravados nas paredes do Siq. Entre os relevos esculpidos diretamente na rocha, há um em especial que chama atenção — ou melhor, o que sobrou dele. Dá pra ver a perna de um homem e os pés de alguns camelos, tudo bem desgastado pelo tempo. Mas se olhar com cuidado, ali do lado, está a silhueta quase apagada de um elefante. Pode parecer curioso, mas os nabateus conheciam esse animal exótico por conta de suas rotas comerciais com a Índia, onde o elefante era símbolo de força e imponência. Ver esse tipo de representação esculpida em plena Petra é uma lembrança poderosa de como o mundo antigo já era conectado.
Essa presença simbólica do elefante também aparece em outro ponto próximo dali: uma formação natural de pedra, nos arredores de Siq al-Barid (também conhecido como Little Petra), que ganhou o apelido de "The Elephant Rock". A pedra, moldada pela natureza ao longo dos séculos, tem mesmo o contorno impressionante de um elefante com a tromba abaixada. Entre o relevo humano e o capricho natural, é como se Petra estivesse o tempo todo te lembrando que ali, tudo conversa entre história, mitologia e paisagem.




O Tesouro de Petra: Quando o Coração Para Por Um Segundo
Você está ali, saindo da sombra estreita do Siq, caminhando entre as paredes que se abrem... e, de repente, boom: ele está lá. Majestoso. Imponente. Inacreditável. O Tesouro — ou como é chamado localmente, Al-Khazneh — surge na sua frente como se tivesse acabado de ser revelado pelo tempo.
A primeira reação é quase sempre a mesma: o grupo para, o silêncio toma conta por uns segundos e todo mundo solta aquele suspiro misturado com um "uau". Não importa de onde você veio ou quantos lugares do mundo já conheceu. Petra te pega de surpresa.
A fachada do Tesouro é esculpida diretamente na rocha — uma obra-prima da arquitetura nabateia com mais de 40 metros de altura. Com colunas, esculturas, detalhes em cada canto... e tudo isso em um tom de pedra rosa que muda de cor conforme a luz do sol bate. Tem hora que parece dourado, outras vezes quase vermelho queimado, e às vezes, rosa claro mesmo, como se estivesse sonhando.


Na frente do Tesouro, fica aquele espaço aberto que parece uma praça natural, onde as pessoas param para tirar fotos, descansar, ou simplesmente ficar ali, admirando. Você vê beduínos vendendo souvenirs, alguns camelos deitados à sombra, turistas tentando tirar a “foto perfeita” e olha que dá com os braços abertos e a fachada inteira ao fundo. É uma mistura de energia antiga com o presente — um verdadeiro encontro entre o passado e o agora.


Foi ali, bem em frente ao Tesouro, que eu perdi o medo e decidi montar num camelo. E uau… se você tiver a chance, faz! A vista lá de cima, com as colunas de Petra ao fundo, é simplesmente inesquecível.
Os camelos ali estão a trabalho — passam o dia todo naquele vai e vem, levando turistas por alguns metros, só pra dar um gostinho da experiência. É rápido: sobe, dá a volta e desce. Mas olha… só de sentir o camelo se levantando, aquela altura aumentando aos poucos, e você lá em cima, com o Tesouro de pano de fundo… é emocionante demais.
Na época, paguei só cinco dólares e valeu cada centavo. Foi uma daquelas experiências simples, mas que ficam marcadas para sempre. Recomendo muito!
Mesmo durante o tour todo mundo tem a chance de viver essa experiência enquanto o guia vai conversando e explicando sobre o Tesouro e arredores e também nos disse que os beduínos acreditavam que havia ouro escondido ali dentro, por isso há até marcas de tiros na fachada, de quando tentaram encontrar o tal tesouro. Mas, na verdade, tudo indica que era um túmulo real, ou talvez um templo. Ninguém sabe ao certo. E isso só torna tudo ainda mais fascinante.
Tem também aquele momento em que você tenta se afastar o máximo possível para conseguir enquadrar o Tesouro todo numa só foto, e mesmo assim, ele parece maior do que sua lente consegue absorver. É realmente colossal.
Embora a entrada no Tesouro não seja permitida você pode explorar e caminhar aos arredores que são cercados por barras de ferro através das barras é possível ver as escadas e também a profundidade desse templo - não tem como nao lembrar do indiana jones aqui tem tb algumas lojinhas de souvenir na esquerda do tesouro.
Aqui é daqueles lugares que te fazem lembrar por que viajar é tão transformador. Porque estar em Petra é mais do que ver uma maravilha do mundo — é viver um momento que te conecta com a grandiosidade da humanidade e com algo muito maior.


Além do Tesouro: Explorando a Cidade Rosa
Depois de finalmente conseguir desgrudar os olhos do Tesouro (difícil, eu sei!), a gente continua o passeio e começa a entender o tamanho real de Petra. Literalmente. Porque ali, na frente do Al-Khazneh, o cânion se abre e revela o que um dia foi uma cidade inteira — viva, movimentada, cheia de cultura e mistério.
Você começa a caminhar por um caminho de terra batida que antes era a principal avenida da cidade. É ali que Petra se descortina por completo. Não é só um monumento esculpido na rocha: é um verdadeiro complexo urbano, com tumbas, templos, altares, casas e até um teatro.
Logo depois do Tesouro, aparece o que eles chamam de Rua das Fachadas — uma sequência de tumbas monumentais talhadas nas montanhas, cada uma com seu estilo, tamanho e detalhes arquitetônicos únicos. Elas parecem portas para outro mundo. Fiquei olhando pra elas tentando imaginar quem teria vivido ali, ou melhor, quem teria sido enterrado ali com tanta honra.
Em seguida, vem o anfiteatro, também escavado na rocha, com capacidade para mais de 3 mil pessoas. Sim, 3 mil! E pensar que ele foi feito há tantos séculos, sem máquinas, sem cimento, só com técnica e conhecimento. Dá pra sentar ali por uns minutos e imaginar uma encenação acontecendo, com o eco natural das paredes de pedra servindo de som. É de arrepiar.


Outro ponto impressionante são os grandes templos e complexos residenciais que a gente vê ao longo do caminho. Muita coisa está em ruínas, claro, mas ainda assim dá pra sentir a grandiosidade do que Petra foi um dia. Inclusive, ao longo do trajeto, há sinalizações mostrando onde ficavam as principais construções, como o Grande Templo, os Banhos Romanos, e até restos de colunas que marcam onde existia um tipo de mercado central.
Durante esse trecho da caminhada, a paisagem segue sendo de tirar o fôlego. As formações rochosas têm formas únicas, como se a natureza tivesse esculpido junto com os nabateus. E o calor vai apertando, então quem estiver por lá deve mesmo continuar com chapéu, protetor solar e água sempre à mão.
E claro, no caminho tem também algumas tendas beduínas vendendo água, refrigerantes, lembrancinhas e até café local. É um respiro, mas também um convite ao contato com o povo que ainda vive por ali — descendentes diretos dos primeiros habitantes da região. Eles são simpáticos, curiosos e sempre dispostos a conversar um pouco.
Você vai sentir que está caminhando por uma civilização que continua presente, mesmo que parcialmente em ruínas. E é aí que bate aquele sentimento de privilégio, sabe? O de estar caminhando num lugar que resistiu ao tempo, ao vento, às guerras e ao mundo moderno... e continua lá, imponente.
E se você ainda tiver energia e pernas firmes, há trilhas que levam a pontos ainda mais altos — como o Monastério (Ad-Deir), que é tão impressionante quanto o Tesouro, ou o Altar do Sacrifício, com vistas panorâmicas da região. Mas essas partes exigem um bom preparo físico e mais tempo. Muita gente prefere parar por ali mesmo, onde o tour guiado costuma encerrar a parte principal.


Descendo Pela Cidade Baixa: Os Templos, As Ruínas e a Vida Cotidiana de Petra
Depois de passar pelo Teatro, a caminhada continua por uma parte de Petra que é tão importante quanto a entrada monumental: a chamada “cidade baixa”, onde ficava o centro político, religioso e comercial da antiga Petra.
Aqui, tudo é mais aberto. O desfiladeiro já ficou pra trás, e agora você está caminhando por um grande vale onde as ruínas se espalham em todas as direções. É nesse trecho que começam a aparecer as estruturas mais amplas, com colunas, escadarias e muros que marcam o que um dia foram templos e praças de grande importância.
Um dos pontos mais notáveis é o Grande Templo, ou "Great Temple", que fica à esquerda da trilha principal. Ele é uma estrutura imensa, com uma escadaria monumental e vários níveis de salas e pátios. Estima-se que era um centro político ou cerimonial, talvez usado para reuniões públicas. Dá pra subir algumas partes e olhar lá de cima — a vista do vale é linda, e o silêncio que paira ali dá até arrepio. Foi reconstruído parcialmente em algumas partes pra mostrar como era sua estrutura original, e isso ajuda muito a visualizar a grandiosidade da coisa toda.
Logo depois, mais à frente, tem o Qasr al-Bint, um dos templos mais bem preservados de Petra. Esse é especial. Ele fica ali no fim da avenida principal e foi um dos poucos edifícios que não foi esculpido na rocha, mas sim construído com blocos. Provavelmente era dedicado a Dushara, o principal deus nabateu. Mesmo em ruínas, dá pra ver claramente a planta do templo, e o tamanho da construção impressiona. Dizem que ele era o coração religioso da cidade.
Perto dali, tem também o que restou do Templo dos Leões Alados, com colunas desmoronadas e fragmentos espalhados pelo chão. O nome vem dos relevos que ainda são visíveis em algumas partes, representando leões em estilo estilizado. Esse templo também tem escavações ainda em andamento, então se você der sorte, pode ver arqueólogos trabalhando por ali.
Outro cantinho curioso é a igreja bizantina, mais escondidinha, mas super interessante. Lá dentro, ainda é possível ver mosaicos no chão, com desenhos geométricos e cenas do cotidiano. Ela foi construída bem depois da época nabateia, mas mostra como Petra foi ocupada e utilizada ao longo dos séculos.
E tudo isso cercado por vestígios de ruas antigas, colunas, muros e arcos. A cidade baixa de Petra é como uma colcha de retalhos arqueológicos: cada canto revela uma parte da história. Era ali que acontecia a vida cotidiana: comércio, decisões políticas, cultos, rituais, encontros sociais… tudo isso com o deserto ao redor e o céu escancarado lá em cima.


As Crianças de Petra: Pequenos Vendedores em uma Cidade de Pedra
Entre tantas esculturas, templos e monumentos milenares, uma das coisas que mais me tocou em Petra foi algo bem mais humano: as crianças. Sim, elas estão por lá, espalhadas entre as rochas e caminhos, com olhares vivos e uma esperteza que surpreende. São pequenos comerciantes que caminham sozinhos ou em duplas, oferecendo pedrinhas de Petra aos turistas.
Elas te abordam com um sorriso e uma voz baixinha, dizendo algo como “one dinar, one dinar” — mas, no fundo, não existe um preço fixo. O que elas aceitam é qualquer valor que você puder ou quiser dar. Às vezes é por uma pedra, às vezes por duas. Às vezes elas só estendem a mão com um olhar tímido e esperançoso. São crianças aprendendo cedo o que é valor, o que é troca, o que é sobreviver.
É impossível não se emocionar. A gente cresce ouvindo que criança tem que brincar, estudar, viver a leveza da infância. E de repente, você está ali, num dos lugares mais mágicos do mundo, sendo lembrado de que a realidade de muitos é bem diferente da nossa.
Claro que dá aquele aperto no peito. É triste ver crianças trabalhando. É duro ver meninos e meninas que já carregam nos ombros uma responsabilidade que não deveria ser deles. Mas essa é a vida ali. É a condição daquele lugar, onde o turismo não é só uma fonte de renda — é a única chance real de sobrevivência para muita gente.
E aqui vai um ponto importante: não leve pedras de Petra pra casa. Mesmo que pareça inofensivo, mesmo que seja oferecido por uma criança. Não é só pela questão da preservação histórica, mas também pelo impacto disso na vida dessas famílias. Comprar pedra pode parecer ajudar, mas muitas vezes reforça um ciclo que não precisa ser alimentado. Há outras formas mais conscientes de apoiar: comprar artesanato local, consumir nos cafés e tendas da região, ou simplesmente doar, sem trocar nada, se você sentir no coração.
Mas, principalmente, pare. Olhe. Converse com essas crianças, nem que seja só um “hello” ou um sorriso. Porque o que elas também buscam — além do dinar — é o reconhecimento de que existem ali, naquele mundo de pedra, como parte viva da paisagem.
E olha… quando a gente sai de Petra, são esses rostos que ficam. Mais do que monumentos. Mais do que as trilhas. São as pessoas que dão alma às pedras.


Os Animais de Petra: Entre as Rochas, a Vida Também Tem Patas
Enquanto a gente caminha por Petra, imerso na grandiosidade da arquitetura e no calor do deserto, algo inesperado acontece: de repente, aparece um bode lá no alto de uma parede de pedra, parado como se fosse parte da paisagem. E por um segundo, você até duvida se é real. Mas é. E ele está ali, soberano, no meio de um paredão escarpado que parece impossível de alcançar. Em Petra, até os animais parecem feitos de pedra e vento.
Os bodes e cabras andam soltos pelas trilhas, escalando onde a gente nem imagina, com uma naturalidade que só quem nasceu naquele terreno consegue ter. Eles vivem entre os beduínos que ainda ocupam parte das montanhas ao redor e circulam por Petra como donos do pedaço. E, de certa forma, são mesmo.
Mas o que realmente me tocou foi o contato com os burrinhos e camelos, usados para transportar turistas ou ajudar moradores locais no dia a dia. Num determinado ponto da cidade baixa, quando a sede apertou e eu já sentia o peso do calor, cruzei com um burrinho — e ali, naquele momento, ele estava com mais sede do que eu.
Sem pensar duas vezes, virei a garrafinha de água direto na boca dele. Ele bebeu com tanta vontade, com tanto alívio, que me deu vontade de ter uns cinquenta litros de água só pra eles. E foi impossível não pensar: cadê os bebedouros? Cadê um lugarzinho com sombra e água pra esses bichos?
É verdade que há placas por Petra pedindo respeito e compaixão com os animais — lembrando aos turistas para não explorarem os bichos, para não aceitarem passeios se o animal parecer cansado ou sem condições. Mas ali, na prática, a realidade é dura: o calor é extremo, a água é escassa e o turismo, mesmo sendo fonte de renda, pode ser também um peso para quem carrega gente nas costas todos os dias.
Não estou aqui pra julgar ninguém. Cada cultura tem suas dinâmicas, cada região seus desafios. Mas o que senti naquele momento, vendo aquele burrinho beber com tanta sede, foi que em Petra, a água vale mais do que ouro. Não só pra nós, turistas suados tentando manter o chapéu na cabeça… mas pra eles, que vivem e resistem ali, entre sol e rocha, dia após dia.
Então, se você for a Petra, leve sua água — e se sobrar, compartilhe. Olhe pros animais. Veja como eles estão. Às vezes, um simples gesto muda o dia deles. E isso também é fazer turismo com consciência. Porque Petra é feita de pedra, sim. Mas também de vidas — e toda vida merece cuidado.


Um Refúgio no Caminho: Tapetes, Chá e Sonhos de Futebol
Depois de horas caminhando sob o sol escaldante, explorando templos, ruínas e histórias milenares, chega um momento em que tudo dentro de você pede uma pausa. E foi ali, na cidade baixa de Petra, que eu encontrei um daqueles pequenos paraísos que parecem ter sido colocados ali só pra te acolher.
Foram, eu vi no máximo, dois estabelecimentos bem simples, mas com uma energia tão boa que parecia um abraço. São mais do que lanchonetes e lojinhas — são refúgios em forma de tendas decoradas com tapetes, almofadas, tecidos coloridos e aquela brisa leve que parece milagre no meio do calor da Jordânia.
Você chega, pede uma água gelada, talvez um chá ou até algo pra comer, e de repente está sentado, respirando fundo, sorrindo pro desconhecido ao lado. Tudo é muito simples, mas servido com um carinho que aquece (mesmo no calor do deserto). Os donos, em geral famílias locais, atendem com simpatia e bom humor — como se cada cliente fosse uma visita especial.
E de novo, as crianças aparecem. Trabalhando, ajudando os pais, correndo com garrafinhas, limpando mesas, servindo com graça. Um desses meninos, em especial, me marcou. Ele falava inglês surpreendentemente bem, se apresentava com orgulho e dizia que ia ser jogador de futebol. Sim, ali, no meio de Petra, com o chão quente e o cheiro de chá no ar, ele estava cheio de sonhos — e contava tudo com um brilho nos olhos que não dá pra esquecer.
Passamos alguns minutos ali, rindo, conversando, respirando Petra de outro jeito. Não era sobre ruínas, nem templos, nem história antiga. Era sobre o agora. Sobre gente real, vivendo naquele cenário incrível, carregando sua rotina com dignidade e esperança.
E enquanto nos preparamos para subir de volta pelo caminho que nos levaria até a saída, eu pensei: esses momentos simples são os que mais ficam. Porque Petra impressiona pela grandeza, mas emociona mesmo é nos detalhes. E aquele barzinho com tapetes, chá e um pequeno craque em formação… foi um dos meus favoritos.


O Povo Beduíno de Petra: Silêncio, Olhares e Uma História de Amor
Ao longo do trajeto em Petra, entre o vai e vem de turistas, burros e camelos, você também encontra os verdadeiros donos da terra: os beduínos. Eles estão por ali com suas tendas, seus sorrisos silenciosos e aquela presença forte e tranquila de quem conhece cada pedra, cada sombra, cada curva do desfiladeiro.
Os homens beduínos têm um charme marcante. Muitos usam um traço escuro ao redor dos olhos feito com henna, o que dá ainda mais intensidade ao olhar. E mesmo com a simplicidade das roupas e do modo de vida, eles têm uma elegância natural que chama atenção. Já as mulheres, quase sempre vestindo abayas escuras, são mais reservadas — passam discretas, mas deixam sua força registrada no ar.
E foi ali, entre uma parada e outra, que me deparei com uma plaquinha contando uma das histórias mais bonitas que já vi: uma história de amor real entre uma turista e um beduíno.
Em 1978, uma mulher neozelandesa chamada Marguerite van Geldermalsen estava viajando pela Jordânia com uma amiga quando conheceu Mohammad Abdallah Othman, um beduíno da tribo Bdoul que vivia em Petra. Eles se apaixonaram, se casaram no mesmo ano, e Marguerite fez o que pouquíssima gente teria coragem de fazer: abandonou sua vida no Ocidente e passou a viver com o marido numa caverna em Petra.
Sim, uma caverna. Uma vida simples, entre a comunidade beduína, criando filhos e aprendendo a viver de um jeito completamente diferente — guiado pela natureza, pelas tradições e pela conexão humana.
Essa história virou livro: "Married to a Bedouin", onde ela mesma conta tudo com detalhes, desde o encantamento inicial até as mudanças profundas que viveu como mulher, mãe e estrangeira integrada numa cultura tão diferente.
E o mais bonito: até hoje você pode sentir a presença dessa história em Petra. Alguns dos filhos de Marguerite ainda vivem por lá, vendendo livros, lembranças e mantendo viva a herança desse encontro improvável que virou uma vida inteira. Petra é isso também: não é só o que está nas pedras, é o que pulsa entre elas. É uma história viva, feita de gente, encontros e destinos que se cruzam onde menos se espera.


Nem Tudo Cabe em Um Dia: A Realidade do Tour de Cruzeiro em Petra
Se você está conhecendo Petra numa escala de cruzeiro que chega pelo porto de Aqaba, pode se preparar para viver um daqueles dias que ficam pra sempre na memória. Mas é importante dizer: você não vai ver tudo. E tudo bem. Porque o que dá tempo de conhecer já é o suficiente pra sair de lá encantado, de olhos cheios e coração apertado.
Muita gente chega com aquela expectativa de explorar cada canto da antiga cidade nabateia, mas Petra é enorme.
São quilômetros de trilhas, templos, túmulos, estruturas escavadas na pedra e paisagens que pedem tempo — tempo pra caminhar, para observar, para absorver.
Os tours organizados, especialmente os que saem direto dos cruzeiros, seguem um roteiro mais compacto e eficiente, feito sob medida pra mostrar os principais destaques: a entrada pelo Siq, o deslumbramento ao ver o Tesouro pela primeira vez, o Teatro, a Rua das Fachadas e os templos da cidade baixa. O passeio costuma ir até a região do Qasr al-Bint, onde muitos grupos fazem uma pausa antes de iniciar o retorno.
É a partir dali que começa o caminho de volta. Não por falta de vontade de continuar, mas porque o tempo aperta e Petra exige respeito ao ritmo do próprio corpo e da logística da viagem.
Mas saiba: mesmo vendo só uma parte da cidade, o impacto é total. O que você leva de Petra em algumas horas é tão profundo que a vontade de voltar já começa na saída. Então vá com o coração aberto, com expectativas ajustadas, e se deixe surpreender. Porque Petra, mesmo em pedaços, entrega uma experiência inteira.
🚩 Onde termina essa trilha?
A trilha do Monastério leva ao planalto de Ad-Deir, onde há uma área plana, com tendas beduínas, venda de chá e artesanato, e a monumental fachada esculpida na montanha — o Monastério.
Ela não leva a outra saída da cidade. O retorno é feito pelo mesmo caminho, ou seja, a maioria dos visitantes que vai até o Monastério retorna tudo a pé, somando aí um passeio de 10 a 12 km no total, ida e volta.
O Caminho de Volta: Petra de Outro Ângulo
Depois de tantas emoções, descobertas e caminhadas, chega aquela hora inevitável: a volta. A gente começa a refazer os mesmos passos, pelas mesmas trilhas, passando pelas mesmas paisagens... mas tudo parece diferente. E é.
O caminho de volta em Petra tem um ritmo mais lento, quase silencioso. O corpo já está mais cansado, sim, mas o que muda mesmo é o olhar. Você não é mais o mesmo de algumas horas atrás.
O que antes era descoberta agora virou despedida. Você passa novamente pela cidade baixa, pelo teatro, pelas tumbas monumentais, pelas ruínas que, na ida, pareciam só pedras — e agora parecem guardar segredos. Até o Tesouro, que a gente vê de costas na volta, tem outro impacto: ver ele sumindo aos poucos atrás de você é quase poético.
E quando você entra novamente no Siq, aquele desfiladeiro estreito que te recebeu de braços abertos, a luz do fim da tarde muda tudo. As sombras são mais longas, a cor das pedras parece mais dourada, e o silêncio bate diferente. O que era entrada agora é saída — mas com um peso emocional que ninguém te prepara.
Na volta, a gente observa mais. Fotografa menos. Respira mais fundo. Cada passo é uma espécie de despedida. Petra vai ficando pra trás devagarinho, mas ao mesmo tempo, vai se fixando dentro da gente de um jeito que é difícil de explicar.
E então você vê a luz da entrada lá longe, ouve de novo o burburinho do centro de visitantes, e percebe: acabou. Mas você vai levar isso com você pra sempre.
Ao fim do tour, somos levados de volta ao porto de Aqaba, onde o navio aguarda. A sensação é de que todo mundo a bordo foi conhecer Petra — e talvez tenha ido mesmo. O vai e vem de turistas é constante, tanto na chegada quanto na saída, mas tudo flui. Entre grupos, guias, ônibus e sorrisos cansados, cada um vai retomando seu lugar no navio, levando na bagagem um pedaço dessa maravilha do mundo.
☀️ Clima em Petra: Quando Ir e o Que Esperar
Petra tem clima desértico, com verões bem quentes e invernos frios, especialmente nas manhãs e noites.
A melhor época pra visitar é entre março e maio ou outubro e novembro, quando as temperaturas estão mais amenas e a luz do sol deixa as pedras ainda mais bonitas.
No verão, pode fazer mais de 35°C; no inverno, cai fácil pra 5°C de manhã.
E mesmo nos dias quentes, os corredores estreitos como o Siq são surpreendentemente frescos, graças à sombra e ao vento que corre entre as rochas.


🌄 Final da Jornada: Petra Fica na Gente
E assim chegamos ao fim da nossa caminhada por Petra. Uma viagem intensa, cheia de descobertas, calor, surpresas e encontros que vão muito além da história escrita nas pedras.
Compartilhei aqui, passo a passo, tudo o que vivi — desde a chegada pelo porto de Aqaba até a última curva do Siq. O impacto de ver o Tesouro pela primeira vez, os detalhes escondidos nas pedras, os beduínos, os animais, as crianças, os sorrisos e até os silêncios. Foi um dia que me marcou pra sempre.
E agora, finalmente, essa história não vai ficar só na minha memória ou esquecida no computador. Me sinto feliz e realizada por poder dividir essa experiência aqui, com você que está lendo. Se Petra for seu sonho, não desista. Pode demorar, pode parecer distante, mas é possível — e vale cada segundo.
Apesar de parecer um destino “de outro mundo”, Petra não é inacessível. É, sim, possível fazer essa viagem sem gastar tanto, principalmente se você aproveitar a estrutura da cidade vizinha, Wadi Musa, onde há hospedagens e restaurantes pra todos os bolsos.
Uma dica prática? Leve dinheiro em espécie — especialmente notas menores. Muitos vendedores locais não aceitam cartão, e ter trocado à mão facilita muito qualquer compra ao longo do caminho. O dólar americano é amplamente aceito, o que já ajuda bastante quem chega só de passagem, como no caso de quem vem em escala de cruzeiro.
No fim das contas, Petra é tudo aquilo que eu descrevi — e mais um pouco. É emoção, é imensidão, é história viva. E pra mim, além de tudo isso, vai ser sempre o lugar onde eu tive o privilégio de pisar e sentir que alguns sonhos realmente valem a pena.
Petra agora faz parte de mim — e espero que, de alguma forma, também tenha tocado você.
Gostou de viajar comigo até Petra?
Então continue embarcando nas minhas memórias pelo mundo! No blog, tem muito mais: de portos encantadores no Caribe a aventuras surpreendentes no Pacífico Sul.
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Navegar é viver — e viver pra viajar é a melhor forma de viver.
Este é o diário de uma ex-purser que ainda escreve como se estivesse no mar.
Compartilho experiências, não verdades absolutas — cada porto é único pra cada viajante.
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